9º dia - Domingo
Levantei-me bastante tarde e às 2 da tarde fui para a praia. Todo o dia esteve enevoado e com vento. Uma nuvem grande não havia maneira de sair ali de cima.
E a praia, que tristeza: toldos de cânhamo ou corda ou sisal, em forma de guarda-sol, com esteiras de madeira e colchões de espuma por cima, duma ponta à outra da praia. Está visto, aquilo é um sítio para apanhar sombra.
Mais para a tarde, estendi-me um bocado, mas o calor era pouco e a areia escura, sujava.
À vinda, um tipo de barbicha e cheio de trejeitos, abordou-me. Tinha tipo de indiano-negro. Disse que era inglês, nascido na Guiana, filho de português e indiano.
Depois de um pouco de conversa, convidou-me para aparecer à noite mas, já escaldado com as últimas experiências, perguntei:
- “Só para falar?”
- To talk or… Are you homosexual?
- No, and you?
- I’m bisexual.
Disse que é artista, que faz as suas próprias roupas e que em arte é absolutamente necessário ser homossexual ou bisexual: disse que, depois de estudar numa escola de arte dramática, estava para assinar um contrato com a televisão, mas o “producer” só lho assinava se fosse com ele para a cama. Como este não gostou dele, não houve contrato.
Aceitei aparecer à noite, depois do tipo prometer que “no strings attached”, que era só para falar, até porque não vislumbrava outra alternativa de conversa e também por curiosidade pela algo estranha personagem.
À noite, aparece o tipo, de camisa de flores cheia de folhos, calças e colete de seda branca e sapatos de verniz. Eu, de botas de camurça. Assim vestido e com aqueles meneios e gestos característicos, toda a malta olhava. Põe um lencinho de seda na cadeira, quando se senta, está sempre a falar das suas roupas e mete muitas frases de francês quando fala. Parece-me muito exibicionista.
Indicou-me onde eram os 3 clubes de maricas e alguns cafés de “pin-up girls”.
Só uma vez tentou pôr a mão no meu ombro, dizendo que gostava de mim como um irmão.
O pai abandonou a mãe e esta rejeitava-o um bocado e, por isso, o tipo ficou sempre com problemas de falta de afecto. Quando aos 18 anos foi para a cama com um inglês já entrado, disse que era como se o pai o estivesse a acarinhar. Tem 42 anos, mas parece mais novo.
Tem 2 meios-irmãos, mas gostava de ter um irmão autêntico. Vive com um casal inglês que o adoptou. Tem uma “girl-friend” norueguesa, com quem ele teve uma vez relações sem ela querer, para lhe provar que o “master” era ele e não ela. A ela tinha-lhe morrido o “boy-friend”. Agora, ela tem outro e este não se chateia. Disse que ela é que é muito ciumenta…
Tem uma filha de 24 anos, duma portuguesa, no Canadá. Essa filha fez agora um aborto já avançado e ele concorda, pois o pai da criança não casa com a mãe. Acha que uma criança nessas condições é um “mistake”. A concepção que ele tem da organização sócio-sexual, é a da família tradicional.
Enfim, apesar de tudo, pensei que fosse mais «avant-garde» do que é. Larguei-o cerca da meia-noite.
E a praia, que tristeza: toldos de cânhamo ou corda ou sisal, em forma de guarda-sol, com esteiras de madeira e colchões de espuma por cima, duma ponta à outra da praia. Está visto, aquilo é um sítio para apanhar sombra.
Mais para a tarde, estendi-me um bocado, mas o calor era pouco e a areia escura, sujava.
À vinda, um tipo de barbicha e cheio de trejeitos, abordou-me. Tinha tipo de indiano-negro. Disse que era inglês, nascido na Guiana, filho de português e indiano.
Depois de um pouco de conversa, convidou-me para aparecer à noite mas, já escaldado com as últimas experiências, perguntei:
- “Só para falar?”
- To talk or… Are you homosexual?
- No, and you?
- I’m bisexual.
Disse que é artista, que faz as suas próprias roupas e que em arte é absolutamente necessário ser homossexual ou bisexual: disse que, depois de estudar numa escola de arte dramática, estava para assinar um contrato com a televisão, mas o “producer” só lho assinava se fosse com ele para a cama. Como este não gostou dele, não houve contrato.
Aceitei aparecer à noite, depois do tipo prometer que “no strings attached”, que era só para falar, até porque não vislumbrava outra alternativa de conversa e também por curiosidade pela algo estranha personagem.
À noite, aparece o tipo, de camisa de flores cheia de folhos, calças e colete de seda branca e sapatos de verniz. Eu, de botas de camurça. Assim vestido e com aqueles meneios e gestos característicos, toda a malta olhava. Põe um lencinho de seda na cadeira, quando se senta, está sempre a falar das suas roupas e mete muitas frases de francês quando fala. Parece-me muito exibicionista.
Indicou-me onde eram os 3 clubes de maricas e alguns cafés de “pin-up girls”.
Só uma vez tentou pôr a mão no meu ombro, dizendo que gostava de mim como um irmão.
O pai abandonou a mãe e esta rejeitava-o um bocado e, por isso, o tipo ficou sempre com problemas de falta de afecto. Quando aos 18 anos foi para a cama com um inglês já entrado, disse que era como se o pai o estivesse a acarinhar. Tem 42 anos, mas parece mais novo.
Tem 2 meios-irmãos, mas gostava de ter um irmão autêntico. Vive com um casal inglês que o adoptou. Tem uma “girl-friend” norueguesa, com quem ele teve uma vez relações sem ela querer, para lhe provar que o “master” era ele e não ela. A ela tinha-lhe morrido o “boy-friend”. Agora, ela tem outro e este não se chateia. Disse que ela é que é muito ciumenta…
Tem uma filha de 24 anos, duma portuguesa, no Canadá. Essa filha fez agora um aborto já avançado e ele concorda, pois o pai da criança não casa com a mãe. Acha que uma criança nessas condições é um “mistake”. A concepção que ele tem da organização sócio-sexual, é a da família tradicional.
Enfim, apesar de tudo, pensei que fosse mais «avant-garde» do que é. Larguei-o cerca da meia-noite.
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