Completo. Lê-se de cima para baixo

13º dia - Quinta-feira

Dormi numa “fonda”, que deve ser o mais baixo em hotelaria, antes de casa de huéspedes, hostal, pension, etc.
Fui visitar o Alcazaba – um castelo de mouros. Tantas partes estão reconstruídas, com materiais parecidos, que chego a pensar na burla total, isto é, a RTP faz um castelo de mouros junto à antena de Monsanto, faz lá umas produções e depois inventa umas lendas e põe aquilo com entradas a 10 paus por turista, com um bar de petiscos e bebidas.

Almeria


Comprei uns frutos chamados assafaivas, do tamanho e forma de azeitonas, castanhos quando maduros e que sabem como aqueles frutos dos espinheiros.
Andei um grande pedação a pé até à saída de Almeria. Boleia de 10 km de um tipo que, como todos os outros, perguntou como vão as coisas em Portugal. Desencantadas, como é que hão-de ir?
Boleia de 200 km de um tipo que deve ganhar bem, numa empresa que exporta limões e laranjas. Chegam a ter 20.000 toneladas nas suas várias câmaras frigoríficas, construídas por eles mesmos. O tipo tem um grande receio no qual caíam todas as conversas: a situação política em Espanha.
- “Só um partido é que era bom. Assim, com vários partidos, põem-se todos a discutir e nunca estão de acordo. Franco, sim, agora o rei que se põe a deixar criar partidos…”
Eu não sabia que este não era o rei legítimo, mas sim o seu irmão mais velho, que este matou quando, com 8 anos, brincava com uma espingarda.
Disse também que Villajoyosa foi o local onde desembarcaram os primeiros Iberos. Eu disse que os Iberos exploravam minas de ouro na Andaluzia e ele acrescentou que esse ouro foi levado pelos Russos, durante a Guerra Civil de Espanha. (!) Os Russos devem ser gajos mesmo de mau carácter…
Começam a aparecer por aqui livros que mostram uma certa abertura política, mas também aparecem logo livros como “A corrupção e a prostituição na Rússia de hoje”, a assestar as baterias contra o comunismo, identificando-o com os soviéticos.

perto de Almeria


Na primeira parte da viagem passámos por uma zona extremamente árida. Vi duas cidades “do oeste americano”, onde os tipos rodam alguns filmes. Mostrou-me também o local onde foi filmada uma das batalhas do filme “Cleópatra”, no leito seco dum rio.
Aliás, aqui vêem-se muitos rios, mas todos secos. Nunca chove, e quando chove é de arrasar tudo e matar pessoas de modo que vi coisas giras. Vi várias pontes derrubadas, aquando de alguma grande cheia e, enquanto se não faz outra, a estrada atravessa o leito do rio.
Almeria também tem um rio largo, de modo que o leito seco é aproveitado para fazer um parque infantil e uma pista de aprendizagem automóvel.
Em Alcantarilha, onde fui deixado já de noite, apanhei boleia até Múrcia com um tipo simpático, com ar de trabalhador.
Ah! Múrcia, que tanto me fizeste andar. Enquanto nalgumas cidades se encontram pensões de toda a ordem, por todo o lado, aqui poucas havia e, por isso, todas cheias. Fartei-me de andar para conseguir onde dormir. Por 132 pesetas.

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