Completo. Lê-se de cima para baixo

20º dia – Quinta-feira

Que preguiça! Que vontade de me não levantar mais! Quando saí pensava que seriam umas 4 ou 5 horas da tarde. Era 1. Tudo deserto. A malta à hora do almoço fecha tudo.
Fui aos Correios, nada. Nenhuma carta.
O Escudo, onde não está interdito, está a 12,50 a nota de 100 Escudos, isto é, 8 Escudos cada Franco.
Bem, que faço? Se não ganho “algum”, a minha “massa” vai-se num instante e fico sem a certeza de poder regressar a Portugal. No caso de que­rer.
Acabo de conversar com dois putos que estive­ram nas vindimas e um deles vai tentar arran­jar-me um lugar nas vindimas dum parente do patrão dele. Pagam 77 Francos aos cortadores e 96 aos carregadores. Mas devem descontar 20 para dormida e comida. Vou tentar.
Uns momentos antes, estava resolvido a arran­car para Bordeaux, onde as vinhas devem ser “aos montes”. E deixava, aqui na posta-restante, uma ordem para me enviarem qualquer correspondência para outro lugar que eu indicasse. Assim, amanhã à tarde, decidirei.
Entretanto, vou trocar mais mil escudos. Haverá algum problema por eu ser apenas turista? O que for se verá.

Que gozo eu tenho por fazer as minhas refeições no quarto. Isto, porque os tipos têm na porta uma proibição expressa de comer no quarto. Se calhar, queriam que eu fosse a um restau­rante depois de largar 20 Francos por um quarto!
Parece-me que também a comida aqui é mais cara. Inclusive a enlatada. Qualquer lata de atum custa o equivalente a 30 ou 40 Escudos.

E aquele professor do antigo Egipto que dita­va umas frases aos seus alunos! Dizia ele: “O povo egípcio é o mais viril do mundo”. Os alunos lá iam desenhando homens musculosos nos seus papiros… Cábula, um dos alunos pergunta ao colega do lado: “Como é que se escre­ve viril? Com 2 ou 3 testículos?”

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