Completo. Lê-se de cima para baixo

35º dia – Sexta-feira

O que é que eu posso dizer? Foi um dia igual aos outros. Conversei um pouco mais com a Da­nielle.
O patrão faz todos os anos 70.000 litros de vinho.

Desconfio que o pretenso ataque de percevejos, não existe. É possível que sejam distúrbios circulatórios.

Continua a não haver cartas. Escrevi à Orlanda ao Hélder e ao tio Xico.

Meditei um bocado sobre as frequências luminosas: As árvores precisam de luz. Se a absorvessem toda, vê-las-íamos negras. Seria que os namorados continuariam enfeitiçados, agora pelo negro?

Quanto mais baixa é a frequência, mais facilmente é retida por um obstáculo. Com uma visão na banda dos infra-vermelhos, o ar seria uma poeirada incrível, de dia. Talvez assim pudéssemos ver a aura das pessoas e doutros seres mais subtis que nós.
Se os nossos olhos captassem numa frequência superior à dos raios X, não veríamos os vidros, nem as folhas das árvores, nem a água. A água seria pa­ra nós o mesmo que é agora o ar.

O céu é vermelho de manhã e à tarde, devido à refracção da luz do Sol nas camadas atmosféricas. Sabemos que cada frequência que compõe a luz se refracta diferentemente. A prova, dá-a o arco-íris.

Será possível que estejamos tão mal apetrechados em aparelhos perceptores do mundo que nos rodeia? Temos o ouvido que capta uma banda de frequências razoável, mas modesta ainda assim. Temos o olho que capta uma pequeníssima banda de frequências (+-400 - 700 milimicra). Temos o tacto que, especulando, poderá captar também frequências de ondas.
E todo o resto? As ondas de km? As ondas intermédias entre o ouvido e a visão? As ondas pequeníssimas, como o raio X e os raios cósmicos?

Poderemos especular que a telepatia seja o efeito dum órgão rudimentar que possuamos, órgão esse que capta frequências diferentes das da luz e das do som. (Mais altas que as da luz, certamente).

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