42º dia – Dia de Vénus
Deixei o Zé, para não sermos dois no mesmo local.
Boleia de 8 km. O condutor disse que a noite passada houve um imenso temporal, lá para cima para a Bretanha. Olha do que eu me livrei!
Enquanto esperava por outra boleia, passou o Zé e intercedeu por mim até Bayonne. O tipo (o condutor) joga ténis e um jogo basco com 4 pessoas, 4 paredes e 1 bola.
Em Bayonne, tentei depositar dinheiro, mas não aceitaram. Só com morada em França.
Fomos até à saída para Biarritz, mas começou a chover intensamente e resolvemos apanhar um autocarro, onde tivemos que pagar também pelas bagagens.
Em Biarritz, ainda chovia.
Apanhámos o comboio para Hendaye. Caros, os comboios – 7 FF e tal.
Chuva ainda, em Hendaye. Depois de muita controvérsia, comprámos bilhete para Vitória em Espanha e gastámos os últimos trocos franceses.
Um casalito francês interpelou-nos. Ela, Jacqueline, não tem papéis e ele não tem autorização dos pais. Cheios de medo de tentar “furar” a fronteira.
Foram connosco até Irun – a fronteira espanhola – e aí o Zé disse-lhes para seguirem ao longo da gare e da linha e saltarem o muro, para não passarem a alfândega.
Lá foram. Pouco depois apareceram do outro lado da estação, mas ainda cheios de medo.
Estação cheia de espanhóis, a cantar e a dançar flamenco.
Tivemos que esperar 3 horas pelo comboio.
Fomos os 4 até Vitória: Distribuí os meus “comes”.
O Zé tem “erva” e o francês de 17 anos mostrou-se interessado em comprar. Foram ambos fumar um cigarro. Voltaram eufóricos e o Zé todo o caminho cantou todas as canções e mais uma, desde as revolucionárias portuguesas, algumas da autoria dele, até às egípcias, brasileiras e chilenas. Não se calou durante o tempo todo, enquanto os franceses e os 4 espanhóis que iam no mesmo compartimento (pai, filho, filha e uma sobrinha, vindos das vindimas), adormeceram.
Em Vitória, à uma da manhã, todos os hotéis estavam cheios (por informação doutros interessados) e os que tentámos estavam fechados.
Não podíamos ir para a gare, por causa da miúda que tinha medo de ser apanhada pelos “chuis”.
O Zé alvitrou dormir debaixo dum viaduto, eu alvitrei ir andando até amanhecer, mas chovia um pouco e acabámos por entrar numa porta dum prédio e dormimos na entrada: Eles metidos nos sacos de dormir, ela sentada num saco e encostada a outro e eu sentado num degrau e reclinado sobre a mochila, e depois deitado em cima dum tapete de arame.
O frio não foi nada meigo.
O francês pagou por “erva”, que faria aí 2 cigarros, 400 pesetas, contadas ali na obscuridade e no silêncio imposto duma entrada de residências.
Boleia de 8 km. O condutor disse que a noite passada houve um imenso temporal, lá para cima para a Bretanha. Olha do que eu me livrei!
Enquanto esperava por outra boleia, passou o Zé e intercedeu por mim até Bayonne. O tipo (o condutor) joga ténis e um jogo basco com 4 pessoas, 4 paredes e 1 bola.
Em Bayonne, tentei depositar dinheiro, mas não aceitaram. Só com morada em França.
Fomos até à saída para Biarritz, mas começou a chover intensamente e resolvemos apanhar um autocarro, onde tivemos que pagar também pelas bagagens.
Em Biarritz, ainda chovia.
Apanhámos o comboio para Hendaye. Caros, os comboios – 7 FF e tal.
Chuva ainda, em Hendaye. Depois de muita controvérsia, comprámos bilhete para Vitória em Espanha e gastámos os últimos trocos franceses.
Um casalito francês interpelou-nos. Ela, Jacqueline, não tem papéis e ele não tem autorização dos pais. Cheios de medo de tentar “furar” a fronteira.
Foram connosco até Irun – a fronteira espanhola – e aí o Zé disse-lhes para seguirem ao longo da gare e da linha e saltarem o muro, para não passarem a alfândega.
Lá foram. Pouco depois apareceram do outro lado da estação, mas ainda cheios de medo.
Estação cheia de espanhóis, a cantar e a dançar flamenco.
Tivemos que esperar 3 horas pelo comboio.
Fomos os 4 até Vitória: Distribuí os meus “comes”.
O Zé tem “erva” e o francês de 17 anos mostrou-se interessado em comprar. Foram ambos fumar um cigarro. Voltaram eufóricos e o Zé todo o caminho cantou todas as canções e mais uma, desde as revolucionárias portuguesas, algumas da autoria dele, até às egípcias, brasileiras e chilenas. Não se calou durante o tempo todo, enquanto os franceses e os 4 espanhóis que iam no mesmo compartimento (pai, filho, filha e uma sobrinha, vindos das vindimas), adormeceram.
Em Vitória, à uma da manhã, todos os hotéis estavam cheios (por informação doutros interessados) e os que tentámos estavam fechados.
Não podíamos ir para a gare, por causa da miúda que tinha medo de ser apanhada pelos “chuis”.
O Zé alvitrou dormir debaixo dum viaduto, eu alvitrei ir andando até amanhecer, mas chovia um pouco e acabámos por entrar numa porta dum prédio e dormimos na entrada: Eles metidos nos sacos de dormir, ela sentada num saco e encostada a outro e eu sentado num degrau e reclinado sobre a mochila, e depois deitado em cima dum tapete de arame.
O frio não foi nada meigo.
O francês pagou por “erva”, que faria aí 2 cigarros, 400 pesetas, contadas ali na obscuridade e no silêncio imposto duma entrada de residências.
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