Completo. Lê-se de cima para baixo

43º dia – Dia de Saturno

Nada se via ainda e já havia muitas pessoas a passar na rua. Alguém começou a descer as escadas do prédio onde estávamos e aí estamos nós a levantarmo-nos de um salto, a arrumar as coisas e a “cavar” porta fora. Rapi­dez não suficiente porque o fulano viu bem que tínhamos saído do prédio e tínhamos ar de ter estado por ali “acampados”.
Os outros voltaram a deitar-se. Eu apenas me sentei – o frio era muito e eu ansiava pelo dia.
Outros moradores desceram, mas destas vezes sem reacção da nossa parte.

Entretanto, saí e procurei um café. Depois chamei-os e bebemos um café com leite que a mim me soube maravilhosa­mente.
Fomos para a estrada e separámo-nos.

Boleia dum camionista, por 25 km. Fiquei num cruzamento com a chuva a cair-me em cima. E bem fria. Pus uma toalha pela cabeça.

Boleia até Burgos de 2 tipos que iam para Madrid. Apanhámos o Zé na estrada. Que bom o quentinho do carro e com a falta de dormir o so­no atacou-me bem.

Em Burgos, fui trocar 1000 escudos, por 2006 pesetas. Atravessei a cidade a pé. Não sei se o Zé se­guiu ou se ficou a meio de Burgos.

Vesti mais uma camisa (o que perfaz uma camisola interior, duas camisas, uma camisola de gola alta e um casaco de malha), mas apesar de me abrigar atrás duma árvore, o frio entrava-me por todos os lados. Que refeição tiritante eu fiz, para mais com carnes frias.

As boleias não se descosiam para mim nem pa­ra os outros 3 tipos que estavam naquela zona.

Fui tomar um café à gare dos comboios e lá fiquei. Ainda dormi com os cotovelos apoiados na mesa.

Que se lixe a boleia e Espanha e mais o frio. Me­ti-me no comboio para Salamanca (342 pesetas) e fui quase sempre a dormir, excepto enquanto conversei com outro pendura desistente (francês com tenda), que ficou em Palência.

Em Salamanca, tentei comprar algo para levar, como bebidas ou algo assim, mas estava tudo fechado, por ser sábado.

Meti-me num “ferrobus” para Vilar Formoso. Cheio de portugueses e muito quentinho. Um miudito esteve muito admirado por ver um adulto tão amante de leite, o que o levou a chupar mais vezes no biberão dele.

Na fronteira portuguesa não estive para sair da carruagem e ir com os outros à alfândega mostrar as papeladas. Mantive-me no quentinho. Também ninguém veio verificar nada. Agora sou um clandestino em Portugal!

Comprei um jornal do dia anterior e devorei-o. Para quem está sem notícias há mês e meio, tanto faz a data do jornal.

Cheguei à Guarda perto das 23 horas. Comboio para a Beira Baixa, só perto das 5 da manhã.

2 Comments:

At 26/7/06 05:42, Anonymous Anónimo said...

Best regards from NY!
Stainless steel knifes pitting in dishwashers Ralph lauren safari perfume

 
At 24/4/07 12:24, Anonymous Anónimo said...

Looking for information and found it at this great site... » »

 

Enviar um comentário

<< Home

Mais recente›  ‹Mais antiga