2º dia
Saí ás 10. Andei um pedação a pé.
· Boleia dum casal de meia-idade.
· Boleia duma carrinha carregada de relógios de sala, até Monte do Trigo.
· Boleia dum tipo de Loures, que me explicou como funcionam os fornos para fazer carvão, que eu via espalhados pelos campos: uma abertura, lenha, palha e terra por cima. Sabe-se quando está bom, pelo cheiro.
· Boleia dum casal de emigrantes, da Vidigueira a Beja. Vêm há dois dias a conduzir. Receiam a vida cara de cá. Dizem que, aqui, por mais que se trabalhe, nunca se vê nada de jeito. Parece-me que têm razão.
Atravessei Beja a pé. Um passarito que não parecia novo, tinha dificuldade em voar. De pulo em pulo, lá subiu a uma árvore.
Dois ingleses à procura de acontecimentos políticos. O meu inglês está fraco.
Dois copos de leite, mastigados durante vinte minutos, foram um almoço magnífico.
Aqui estou à saída de Beja, a ler as inscrições duma placa que indica: Faro. Eis algumas:
· “Tony o homem que domina as mulheres - Adeus querida, ai amor”.
· “Estou aqui há quase 5 horas para arranjar boleia e estes cabrões não me querem levar, parece que são todos comunas ou da UDP que ainda são mais canalhas”.
· “Chicalhada para a rua”.
· “eu sou PPD 0K - então és bom rapaz”.
· “Sol. Nº 293/76 Évora sou PCP”.
· “Eu sou um amor perdido sexual - Então deita as calças abaixo e depois verás como é. . . “.
· “Escreve ao Antonnie Francoisse - Odeceixe - Brejão - Baixo Alentejo”.
Há ainda a sigla U-D-P, com a palavra ”cabrões” sobreposta, e um cravo com a legenda “mete-o no cu”.
----------------
São 21 horas ou mais. Estou aqui, num restaurante barato em... Beja. Estou muito em baixo. Estive quase 5 (cinco) horas, à espera de boleia. Estive em várias posições: nada. Voltei para Beja. Dei várias voltas para conseguir arranjar quarto por 80 escudos. A minha calma já era forçada.
Doem-me os pés, as pernas, a anca esquerda, os ombros.
Apetecia-me uma salada de tomate com atum. Não têm atum. Comi frango com molho de tomate. Para sentir o gosto do tomate, tive que pedir uma salada dele.
Que faço eu aqui? Que procuro eu? O choque do contraste entre a vida sedentária e esta começa a ser relativamente violento. Vou tomar um valente banho quente e deitar-me já.
Será que nada acontece por acaso? Acredito. Não é por acaso que os portugueses têm medo, quando vêem um tipo em calções, com mochila e saqueta ao cinto. ”Pays de moutons”, como ontem disseram os franceses que me deram boleia. Desprezam-me, mas se eu mostrar dinheiro, lambem-me os pés. Neste momento, quando o tentassem fazer, desmoronar-lhes-ia a dentuça a pontapé. Mas eles até gostariam e agradeceriam. ”Pays de moutons”. Merda.
E as melgas, a incomodaram-me, também.
· Boleia dum casal de meia-idade.
· Boleia duma carrinha carregada de relógios de sala, até Monte do Trigo.
· Boleia dum tipo de Loures, que me explicou como funcionam os fornos para fazer carvão, que eu via espalhados pelos campos: uma abertura, lenha, palha e terra por cima. Sabe-se quando está bom, pelo cheiro.
· Boleia dum casal de emigrantes, da Vidigueira a Beja. Vêm há dois dias a conduzir. Receiam a vida cara de cá. Dizem que, aqui, por mais que se trabalhe, nunca se vê nada de jeito. Parece-me que têm razão.
Atravessei Beja a pé. Um passarito que não parecia novo, tinha dificuldade em voar. De pulo em pulo, lá subiu a uma árvore.
Dois ingleses à procura de acontecimentos políticos. O meu inglês está fraco.
Dois copos de leite, mastigados durante vinte minutos, foram um almoço magnífico.
Aqui estou à saída de Beja, a ler as inscrições duma placa que indica: Faro. Eis algumas:
· “Tony o homem que domina as mulheres - Adeus querida, ai amor”.
· “Estou aqui há quase 5 horas para arranjar boleia e estes cabrões não me querem levar, parece que são todos comunas ou da UDP que ainda são mais canalhas”.
· “Chicalhada para a rua”.
· “eu sou PPD 0K - então és bom rapaz”.
· “Sol. Nº 293/76 Évora sou PCP”.
· “Eu sou um amor perdido sexual - Então deita as calças abaixo e depois verás como é. . . “.
· “Escreve ao Antonnie Francoisse - Odeceixe - Brejão - Baixo Alentejo”.
Há ainda a sigla U-D-P, com a palavra ”cabrões” sobreposta, e um cravo com a legenda “mete-o no cu”.
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São 21 horas ou mais. Estou aqui, num restaurante barato em... Beja. Estou muito em baixo. Estive quase 5 (cinco) horas, à espera de boleia. Estive em várias posições: nada. Voltei para Beja. Dei várias voltas para conseguir arranjar quarto por 80 escudos. A minha calma já era forçada.
Doem-me os pés, as pernas, a anca esquerda, os ombros.
Apetecia-me uma salada de tomate com atum. Não têm atum. Comi frango com molho de tomate. Para sentir o gosto do tomate, tive que pedir uma salada dele.
Que faço eu aqui? Que procuro eu? O choque do contraste entre a vida sedentária e esta começa a ser relativamente violento. Vou tomar um valente banho quente e deitar-me já.
Será que nada acontece por acaso? Acredito. Não é por acaso que os portugueses têm medo, quando vêem um tipo em calções, com mochila e saqueta ao cinto. ”Pays de moutons”, como ontem disseram os franceses que me deram boleia. Desprezam-me, mas se eu mostrar dinheiro, lambem-me os pés. Neste momento, quando o tentassem fazer, desmoronar-lhes-ia a dentuça a pontapé. Mas eles até gostariam e agradeceriam. ”Pays de moutons”. Merda.
E as melgas, a incomodaram-me, também.
4 Comments:
Parece-me mais uma busca que uma viagem... De qualquer forma, o caminho será sempre para a frente.
Best regards from NY! » »
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